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segunda-feira, 2 de julho de 2012

CRÍTICA DO FILME| O Espetacular Homem-Aranh


O Espetacular Homem-Aranha: a melhor adaptação do herói no cinema

Com drama, humor e efeitos especiais de tirar o fôlego, longa honra o icônico e mais adorado personagem da Marvel.

Em 2005, depois de ter assistido – mais de uma vez – à todas as adaptações de Batman para o cinema, deixei a esperança em casa e fui ao cinema ver “Batman Begins”, retomada do herói pelo diretor Christopher Nolan. Lembro-me, como se fosse hoje, quando o homem-morcego pula em cima do carro de Carmine Falcone (Tom Wilkinson) e arranca o mafioso pelo teto, dizendo: “Eu sou  o Batman”. Não havia dúvidas, pelo menos para mim, que eu havia encontrado em Christian Bale o mais próximo que uma pessoa real chegaria em verossimilhança com Bruce Wayne.

Sei que o leitor deve estar com a testa franzida, perguntando o porquê de eu estar escrevendo sobre um personagem da DC Comics ao invés de dar minha opinião sobre “O Espetacular Homem-Aranha”, quarto filme do herói da Marvel que chega aos cinemas no dia 06 de julho. Aí que está a questão: não precisei esperar muitos minutos para ter a certeza que estava diante da mais crível versão em carne e osso de Peter Parker, o garoto debaixo do collant do aracnídeo. E boa parcela de culpa nisso pertence a Andrew Garfield (“Não Me Abandone Jamais”).

Após três longas protagonizados por Tobey Maguire e dirigidos por Sam Raimi em 2002, 2004 e 2007, o puro entretenimento do personagem com o carisma do ator, a beleza de Kirsten Dunst e a dedicação de Raimi (fã confesso dos quadrinhos criados por Stan Lee na década de 60) não foram suficientes para mim, que acompanhei os quadrinhos durante alguns anos. Faltava – ou sobrava – algo que incomodava e nem eu mesmo sabia direito responder o que era. A resposta viria cinco anos depois. E eu estive na primeira exibição do filme no Brasil, que aconteceu em São Paulo .

Nesta nova aventura, o diretor Marc Webb (“500 Dias com Ela”) tomou as rédeas de um filme já consolidado na cultura mundial e, por sorte e decisão dos estúdios, não teve de carregar uma continuação, mas contar os anos anteriores da vida de Peter Parker (Garfield) que, ainda criança, é deixado pelos pais aos cuidados dos tios Ben (Martin Sheen, ótimo) e May (Sally Field). Nerd, franzino e motivo de piada no colégio, ele esconde uma paixão platônica por Gwen Stacy (Emma Stone) enquanto sofre com o grandalhão Flash (Chris Zylka).

Até aí, nada de novo com relação aos outros filmes (exceto a troca do par romântico, na qual sai Mary Jane para dar lugar à Gwen Stacy). O roteiro, escrito a seis mãos por James Vanderbilt, Alvin Sargent e Steve Kloves, foca na busca do órfão Peter sobre o segredo envolvendo seu pai e da jornada que surge a partir daí. As pistas o levam até o dr. Curt Connors (Rhys Ifans) e as pesquisas que ambos faziam para unir material genético de espécies diferentes para experiências em laboratório. Sem um braço, Connors sonha com a junção da capacidade dos répteis em regenerar membros amputados e, assim, ter um corpo perfeito. É a porta de entrada para a criação do vilão Lagarto, que dará muito trabalho ao super-herói.

Com um roteiro extremamente bem amarrado e um ritmo que jamais perde o vigor, acompanhamos o nascimento do Homem-Aranha, personificado com incrível semelhança física por Garfield, do jeito esguio e franzino à ironia que as páginas dos quadrinhos tanto destacam (e havia ficado de fora nos outros três filmes). Além disso, “O Espetacular Homem-Aranha” consegue unir humor, drama e cenas de ação que não decepcionarão os fãs, sejam eles novatos ou veteranos. Entre tantos momentos impressionantes, detalhe para a tradicional aparição de Stan Lee, em uma cena para lá de impagável.
Da bela fotografia (com o uso de cores que casam com seus personagens) a planos de câmera inteligentes (como a cena de Connors diante da própria imagem refletida no vidro), o filme prima pelas cenas de ação de tirar o fôlego, oferecendo situações dinâmicas e divertidas da rotina do agora herói adolescente. Afinal, já se tornaram inesquecíveis a cena em que ele usa os poderes pela primeira vez e seu confronto com um fora da lei já usando as teias que, diga-se de passagem, são bem mais interessantes fabricadas artificialmente como nos quadrinhos do que produzidas pelo próprio organismo de Parker. Mais um ponto para a nova aventura.

Em sua humanização, ficamos diante de um Peter Parker que, consumido pela culpa da perda das pessoas que mais ama, encontra na figura de tia May, Gwen e dr. Connors as partes que lhe faltam quando se trata de família. Até mesmo a proximidade com o capitão George Stacy  (Denis Leary), pai de Gwen, é bem aproveitada ao colocar os dois lados da lei frente a frente.

A imponente trilha de James Horner, embora traga fortes resquícios de suas composições para “Titanic”, ajuda a criar momentos de emoção e tensão. Com cenas de luta indiscutivelmente mais violentas e um realismo impecável nas acrobacias do personagem pelos arranha-céus da cidade (favorecidos, também, pela evolução da tecnologia de efeitos especiais), “O Espetacular Homem-Aranha” nos coloca, até mesmo, dentro da excitante perspectiva visual do herói.

Apesar de um final que peca pelo excesso no mais descarado clichê “unidos venceremos” aliado à redenção e ao patriotismo norte-americano, o longa de Marc Webb não perde o fôlego e consolida-se como – arrisco-me a dizer – a melhor adaptação para o cinema que um personagem da Marvel já teve até hoje. E os fãs podem, finalmente, respirar aliviados.

Dica: não saia da sala antes do fim dos créditos. O gosto de quero-mais ficará ainda mais aguçado.
Léo Freitas
twitter.com/LeoGFreitas
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Léo Freitas formou-se em Jornalismo em 2008 pela Universidade Anhembi Morumbi. Cinéfilo desde a adolescência e apaixonado por cinema europeu, escreve sobre cinema desde 2009. Atualmente é correspondente do CCR em São Paulo e desejaria que o dia tivesse 72 horas para consumir tudo que a capital paulista oferece culturalmente.

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