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sexta-feira, 29 de junho de 2012

Crítica| A ERA DO GELO 4


Crítica|

Rogério de Moraes

A franquia A Era do Gelo foi responsável por catapultar a carreira do brasileiro Carlos Saldanha. Codiretor do primeiro filme e diretor dos dois seguintes, o sucesso no comando das animações permitiu a Saldanha a oportunidade de tocar um projeto pessoal que resultou em Rio, animação escrita e dirigida por ele e ambientada no Rio de Janeiro.

Agora, no quarto filme, Saldanha não está mais no comando, que ficou a cargo da dupla Steve Martino e Mike Thurmeier. A mudança parece não ter afetado a qualidade que os filmes mantêm desde o primeiro episódio. Um caso raro de positiva regularidade ao longo de quatro filmes, todos muito bons.

Em A Era do Gelo 4 reencontramos o improvável bando formado pelo mamute Manny (Ray Romano/Diogo Vilela), o tigre dente-de-sabre Diego (Denis Leary/Márcio Garcia) e a desastrada preguiça Sid (John Leguizamo/Tadeu Mello). E como nos filmes anteriores, a questão da família e do pertencimento a um grupo ocupa o motivo central do filme.

No começo da aventura Manny e sua esposa Ellie (Queen Latifah/Cláudia Jimenez) estão enfrentando os típicos problemas de ter uma filha adolescente. Como toda jovem de sua idade, a garota quer liberdade, mas seu pai não lhe dá uma folga e os conflitos se agravam. Ainda na questão familiar, surgem rapidamente na história os pais de Sid, que, antes de darem no pé novamente, deixam a seus cuidados a avó caduca e encrenqueira.

Tudo piora quando terremotos causados pelos deslocamentos continentais do planeta fazem com que os animais tenham que fugir para outro lugar. No tumulto, Sid, Manny, Diego e a vovó preguiça acabam à deriva no mar sobre uma placa de gelo. Mas logo serão encontrados por um “iceberg pirata”, cujo cruel comandante fará de tudo para que se unam ao grupo ou morram, caso se recusem.

Pode-se dizer que A Era do Gelo é uma franquia de “animação de estrada”, algo como um road movie da era glacial. Isso porque em todos os filmes os animais estão sempre se movendo de um lugar a outro. Esse deslocamento constante contribui para que a aventura dos personagens tenha sempre algo de épico, o que confere emoção à narrativa e uma dimensão grandiosa. Contribui para isso a técnica impecável utilizada em todos os filmes, de texturas detalhadas e profundidade bem acabada, seja com ou sem o 3D o trabalho impressiona.

Nas travessias pelas quais passam, a lealdade entre amigos é a argamassa que une os personagens e faz com que a aventura funcione bem. Neste filme, o tom épico da viagem faz até brincadeira com a Odisseia, de Homero, como se o mamute Manny fosse uma espécie de Ulisses tentando retornar para sua esposa e filha, com direito a sereias e monstros marinhos pelo caminho.

Como animação, A Era do Gelo 4 – e também os anteriores – seduz e envolve pela dose certa de piada e drama. Seus personagens, com exceção da preguiça Sid e de alguns outros personagens periféricos, não são figuras estúpidas e tolas. São criaturas com personalidade, com uma boa história pregressa e uma pitada de drama convincente.


Claro que se trata de uma animação infantil, com toda fantasia que cabe no gênero, mas não é uma diversão abobalhada com piadas a todo custo. É, acima de tudo, equilibrada e sensata na construção tanto da aventura quanto de seus personagens. Um equilíbrio inteligente entre ação, aventura, narrativa e personagens, com espaço para todos na medida certa. O suficiente para fazer do filme uma diversão emocionante e engraçada.

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